Releitura do texto ritmo e velocidade da fala na estratégia do discurso: uma proposta de trabalho de João A. de Moraes e Yonne F. Leite

Esse trabalho de releitura tem o objetivo de tornar mais simples a leitura do texto ‘Ritmo e velocidade da fala na estratégia do discurso: uma proposta de trabalho’ de João A. de Moraes e Yonne F. Leite presente no livro: Gramática do Português Falado em seu volume dois. No texto a autora relata uma pesquisa feita por ela onde estudou os possíveis motivos de aceleração e desaceleração da fala na língua portuguesa caracterizando os ritmos e os processos fonológicos ocorrentes em cada ritmo durante os trechos de fala.
Segundo a autora o que dá ritmo às falas realizadas em língua portuguesa é o acento que é marcado em intervalos de tempo constantes. Isso não quer dizer que a marca tônica feita pelo falante durante suas realizações está diretamente ligada ao acento gráfico e gramatical das palavras, ou seja, não significa dizer em grafia de acentos gramaticais, mas sim de tonicidade de fala.
A pesquisa realizada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostrou como as pessoas colocam ritmo ás suas falas. E mostrou que a velocidade de fala tem a ver com a relação que o falante estabelece com o assunto tratado assim, quando se fala um assunto de seu interesse a empolgação para tratar o tema provavelmente será maior e a fala também, provavelmente, será mais acelerada, e o contrario também é verdade, se o falante não se interessa pelo assunto que esta tratando provavelmente sua fala será mais lenta. Há também a influência do grau de formalidade, o conhecimento e as palavras que ele usa para tratar o tema.
A pesquisa só foi possível porque partiu o pressuposto que diz que o português é uma língua de ritmo acentual. Assim a organização do trabalho se deu em diversas etapas e basicamente consistiu na gravação de textos formulados pelas pesquisadoras, e analises das gravações desses textos e sua principal dificuldade era tratar os trechos que não tinham falas espontâneas. Por conta do problema da falta de espontaneidade algumas etapas tiveram de ser acrescentadas como, por exemplo, marcar previamente os pontos tônicos das falas.
A primeira hipótese de resultados que surgiu foi: os trechos das falas mais longas tinham ritmos mais celerados que das falas menores. Isso fez com elas constatassem que a velocidade da fala está diretamente relacionada com o número de sílabas que aparece no período. Esse fato explicaria a ritmidade dos textos da literatura clássica.
Outro resultado interessante que surge ao longo da pesquisa mostra que quanto mais acelerado o ritmo da fala maior a possibilidade de acontecerem supressões de sílabas ao longo do enunciado, ou seja, falamos tão rápido que acabamos ‘engolindo’ alguns pequenos fonemas ou sílabas. Uma hipótese que pode causar aceleração no ritmo da fala de que o falante está tratando de uma informação secundária do ponto de vista do falante.